Combater o ódio
- Roberto Almada
- há 5 dias
- 2 min de leitura

Não é exagero dizer que o ódio está a tornar-se banal. Está nas redes, nos cafés, nas caixas de comentários... mas também nas instituições. Pior: ganha palco e eco nos Parlamentos, sob a forma de um discurso que se apresenta como “sincero”, “antissistema” ou “politicamente incorreto”. Mas não nos enganemos — o que se tem vindo a normalizar é o intolerável. Este fenómeno não é apenas uma curiosidade sociológica. É político. E perigoso. O crescimento da extrema-direita e a aceitação tácita — ou até cúmplice — de certas ideias na esfera pública não surge do nada. Alimenta-se do desespero de quem vive sem rede, da frustração de quem se sente esquecido, da desilusão com promessas que nunca saíram do papel. É precisamente aí que germina o ressentimento... e com ele, a violência simbólica (e não só). A esquerda não pode assistir a isto de braços cruzados. Nem pode cair na armadilha da ambiguidade. Combater o ódio implica agir — com clareza e com convicção. Significa não relativizar discursos que atacam minorias. Significa rejeitar a narrativa do “há extremos dos dois lados” — porque não há simetria entre defender direitos e querer suprimi-los. Mas este combate não se vence só com palavras — vence-se com escolhas concretas. Com políticas que protejam quem mais precisa, que distribuam de forma justa os recursos do país, que façam do Estado um garante de dignidade e não uma presença ausente. Falo de serviços públicos, claro. De salários justos. De habitação acessível. Mas falo também de coragem política. Porque é mais fácil seguir o vento do oportunismo do que remar contra ele. No dia 18 de maio, essa escolha ganha corpo no voto. E importa dizê-lo sem rodeios: o Bloco de Esquerda é, hoje, a força que melhor representa um compromisso sério com o combate ao ódio e à desigualdade. Não por cálculo eleitoral, mas por coerência — porque esteve sempre onde devia estar. Nas ruas, nas lutas, ao lado dos que não têm lobby, mas têm direitos. Combater o ódio é mais do que indignar-se — é recusar o cinismo e fazer uma escolha. Com o coração, sim. Mas também com consciência política. Esse combate, sem tréguas, será tanto mais forte quanto mais força tiver o Bloco.
Artigo publicado na edição impressa do DIÁRIO de Notícias da Madeira de 8 de maio de 2025.
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