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Resistir ou desistir?

  • Foto do escritor: Roberto Almada
    Roberto Almada
  • 8 de jun.
  • 3 min de leitura

1. Na Eleição para a Assembleia da República, realizada no passado dia 18 de maio, os portugueses que foram às urnas deram uma maioria absoluta às Direitas políticas, mais ou menos radicais. Em consequência disso, começamos já a constatar as consequências de tais escolhas: A extrema-direita avança com propostas de deportações em massa de cidadãos imigrantes, que contribuem para a nossa economia, e apregoa que esta será a última legislatura da IIIª República, que se iniciou com o 25 de Abril  e que instituiu a Democracia em Portugal. Se dúvidas existissem, a assunção, por parte da extrema-direita, que quer acabar com o regime democrático e com as liberdades conquistadas com a Revolução, dissipam qualquer ilusão que possa existir relativamente ao projeto de sociedade que este bando de malfeitores nos quer impor a todos: o regresso a tempos de ditadura e de supressão das liberdades individuais e coletivas de que dispomos. É por isso que todos os democratas devem perceber que esta organização fascista não poder tolerada e normalizada. O fascismo, combate-se.

2. Neste ato eleitoral, a Esquerda sofreu uma pesada derrota. O Bloco de Esquerda, no qual milito, ficou com uma Deputada apenas. Depois de uma campanha de ódio contra o BE e os seus dirigentes e militantes, orquestrada pela direita radical, com a cumplicidade de dezenas de comentadores e opinion-makers, era difícil obter um bom resultado. A Mariana Mortágua foi ofendida, insultada e vilipendiada nas redes sociais, e em alguns órgãos de comunicação social, como nunca tinha visto, nos meus mais de 25 anos de vida política. Independentemente dos erros cometidos - que existiram e que devem ser objeto de análise e discussão aprofundada - a solução mais fácil e cómoda, para os dirigentes do Bloco, seria a deserção. Mas, no Bloco, ninguém deserta da Luta ou se demite das suas responsabilidades. A coragem da Mariana, e de tantos outros que, como diria a saudosa professora Conceição Pereira, "não deitam a bandeira ao chão", são motivo de orgulho para todos os que abraçamos o projeto de construção de uma sociedade, liberta da exploração e opressão, onde a solidariedade prevaleça sobre o ódio e o egoísmo. E que não se iludam aqueles que já propagandeiam a "extinção" do Bloco: já ouvimos essa ladainha há, pelo menos, um quarto de século. Ainda cá estamos, e continuaremos a resistir, combatendo o ódio e os fascismos.

3. O recém-empossado primeiro-ministro, criou o Ministério da Reforma do Estado, cujo titular será um antigo secretário de Estado dos governos de Passos Coelho. Sem que tenha havido qualquer discussão, durante a campanha, sobre as reformas que o Executivo pretende implementar a este nível, cresce o receio que esta "Reforma", possa introduzir privatizações e cortes nos direitos, laborais e salariais, dos trabalhadores do Estado, e redução dos funcionários públicos, coisa que Luís Montenegro já apoiou, no passado, quando o governo que sustentava, nos tempos da troika, cortou salários, roubou subsídios de férias e de Natal a tantos trabalhadores e pensionistas deste país. Além disso, não é bom sinal que a nova Secretária de Estado do Ensino Superior seja uma das defensoras do aumento das propinas no ensino superior público em Portugal, tendo declarado, várias vezes, que os estudantes deveriam contrair empréstimos para pagar as suas propinas, sendo obrigados a iniciarem a sua vida profissional já endividados. Esta é uma teoria já preconizada pela Iniciativa Liberal que, desta forma, passa a ter maiores razões para se juntar ao governo da AD contra os interesses das famílias mais necessitadas.

4. A Comissão Europeia, num relatório divulgado pelo Jornal Público, na passada sexta-feira, veio afirmar que as políticas de apoio à habitação têm falhado e preconiza a implementação de limites às rendas e ao alojamento local. Quando o Bloco de Esquerda, nas últimas três campanhas eleitorais, defendeu a mesma solução para a Madeira e para o país, caiu o 'Carmo e a Trindade', com a direita, comentadores e jornalistas a decretarem que essas medidas não poderiam ser aplicadas e que não passavam de medidas demagógicas do Bloco. Seria bom que os mesmos "especialistas" viessem agora chamar à Comissão Europeia o que chamaram ao Bloco. Tenho estado à espera mas parece que emudeceram...


 
 
 

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