Não me resigno
- Roberto Almada
- 8 de abr.
- 3 min de leitura

1. Nestes tempos, ainda próximos das eleições regionais do mês passado, quero, publicamente, agradecer às 1586 pessoas que votaram na candidatura do Bloco de Esquerda, encabeçada por mim. São pessoas que confiaram na candidatura, nas propostas apresentadas e nos candidatos e candidatas que corporizaram um projeto de ruptura com as atuais políticas. Uma candidatura que propunha novas soluções para baixar o preço das casas, para melhorar o acesso aos serviços de saúde, para combater a corrupção e a falta de transparência, para valorizar salários, pensões e as carreiras de tantos trabalhadores dos sectores público e privados, para defender uma educação pública gratuita, desde a creche ao ensino superior, por melhores serviços públicos e por um combate sem tréguas à pobreza e exclusão social, em que vivem milhares de conterrâneos nossos. Todavia, a maioria dos eleitores recusou colocar no Parlamento quem iria lutar por estas e outras causas, que melhorassem a vida de todos e todas nós. Pouco há a dizer: a esmagadora maioria das pessoas escolheram o mesmo caminho e as mesmas soluções de sempre, mantendo toda a Esquerda fora do Parlamento que, em tantas ocasiões, nunca se calou nem desistiu de lutar pelas pessoas. O povo escolheu, está escolhido. Que os deputados do novo Parlamento, expurgado das forças de Esquerda, saibam defender os interesses de quem os elegeram e que os governantes que forem empossados, a meados deste mês, saibam olhar e interpretar as necessidades das pessoas e implementar políticas que resolvam os seus problemas. Bom trabalho a todos e a todas. E boa sorte para todos e todas nós, madeirenses e portossantenses. Vamos precisar!
2. A derrota alcançada pelo Bloco de Esquerda neste ato eleitoral, assumi-a desde a primeira hora. Comigo não existem vitórias morais. Por isso já declarei que, nos tempos mais próximos, não protagonizarei nenhuma candidatura a nenhum ato eleitoral. Estarei, como sempre estive, disponível para integrar listas em lugares secundários e para ajudar naquilo que o meu partido me pedir e que seja compatível com a minha atividade profissional e com a minha vida familiar. Não desisto de nada nem me resigno. Sobretudo numa altura em que se instalou entre nós a ameaça mal-disfarçada do fascismo, que é preciso combater e derrotar, luta que tem que contar com todos e todas.
3. O Bloco de Esquerda na Madeira encetou, desde 2021, um processo lento de reorganização e rejuvenescimento com a afirmação de novos quadros e de uma coordenação que, com dificuldades, é certo, tem vindo a mostrar capacidade de dar uma nova vida a um projeto que passou por tormentas inimagináveis. O rosto dessa recuperação é o da Dina Letra, a primeira mulher a liderar um partido na Madeira, que reabriu o Bloco a novas caras e causas, acarinhou os jovens que se juntaram a nós e tem vindo a aproximar ativistas e militantes mais experientes. Tenho acompanhado esse trabalho de determinação e resiliência e tenho tentado dar o meu modesto contributo para essa jornada. O caminho é longo, difícil e repleto de insuficiências que temos que suprir e ultrapassar. Mas estou otimista que com a ajuda de todos nós, militantes e lutadores por um mundo melhor, o Bloco será capaz de resistir e voltar a ter um papel fundamental na sociedade madeirense. Como diz o outro, "está escrito nas estrelas"...
4. Quem é de Esquerda sabe que a nossa luta é por "uma terra sem amos e senhores", onde todos sejamos iguais na dignidade, respeitemos as nossas diferenças e construamos um mundo melhor para os nossos filhos. Em política não existem Messias: existem os que querem e lutam, sempre, por um novo alvorecer e os outros. Esses são só 'os outros'...
5. Iniciamos a jornada eleitoral que nos levará às Eleições para a Assembleia da República. O povo português precisa de um reforço do Bloco na Assembleia da República, por tantas razões: pelo pão, pela saúde, pela habitação, pelos salários, pela dignidade das pessoas e por uma política humanista e inclusiva que acarinhe a diversidade e a diferença. Na Madeira, contamos com a força do Diogo Teixeira, da Carina Quintal, do Toni Figueira, da Margarida Monteiro, do Higino Vasconcelos, da Ana Moniz, do Francisco Pinto e do Paulo Sousa. Uma lista renovada, com jovens e menos jovens, imbuídos de um único objetivo: contribuir, com a sua luta, para o reforço do BE na Assembleia da República, com quem os problemas dos madeirenses e de todos os portugueses estarão sempre no centro das discussões políticas. Cá estamos para vos apoiar. Vamos!
Artigo publicado na edição do DIÁRIO de Notícias da Madeira de 8 de abril de 2025
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