No início do mês de Julho passado, uma notícia veiculada pela plataforma digital do DIÁRIO dava conta que o consultor do Governo da República, António Costa e Silva, autor do plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030, defendia, na versão preliminar desse documento, que deveria ser criada uma “Universidade do Atlântico nos Açores com um pólo na Madeira”. O objetivo seria, segundo a mesma notícia, promover “o estudo do oceano, clima, terra e atmosfera, em cooperação com o ensino superior e centros de investigação”. Se o objetivo parece-me ser bom já a ideia é inaceitável. Para início de conversa, a Madeira não pode aceitar, jamais, que a nossa Universidade seja, sequer, 'beliscada'. Qualquer ideia que vá no sentido de extinguir a UMa, ou torná-la num mero 'pólo' de uma Universidade sedeada na outra Região Autónoma, não é apenas um ataque à Autonomia da Madeira. É, sobretudo, um desrespeito enorme por todos aqueles que lutaram, desde a sua fundação, e continuam a trabalhar, pela sua afirmação enquanto Instituição de Ensino Superior de referência, respeitada por esse mundo fora. Não é por acaso que a UMa 'empresta', inúmeras vezes, docentes para lecionar em Universidades de vários continentes e pode orgulhar-se de exibir vários investigadores e outros diplomados de grande qualidade técnica e científica, aqui formados. Já teci, aqui neste espaço, várias críticas à Universidade da Madeira: desde logo, por ter acabado com o Curso de Serviço Social o que é, para mim, verdadeiramente incompreensível numa Região que cada vez mais vai necessitar de trabalhadores sociais no futuro. Para já não falar da absoluta inexistência de mestrados ou doutoramentos nessa área (vamos lá ver se é desta, Sr. Reitor, que trazem para cá, pelo menos, o mestrado em Educação e Desenvolvimento Comunitário), apesar de termos uma excelente Faculdade de Ciências Sociais com um corpo docente extraordinário. Não obstante o que ainda falta fazer para melhorar a nossa Universidade, não tenho nenhuma dúvida da qualidade do Ensino e da Investigação, aqui desenvolvidas, nem da competência dos seus Docentes e Investigadores. A Universidade da Madeira é essencial para o desenvolvimento da nossa terra. Deve ser acarinhada, dotada de mais cursos reforçando os seus recursos humanos e financeiros. O tal objetivo de promover “o estudo do oceano, clima, terra e atmosfera, em cooperação com o ensino superior e centros de investigação” pode e deve ser atingido com o reforço do investimento que aqui se possa fazer, em estreita colaboração com a Universidade dos Açores e até com outras Instituições de Ensino Superior da Macaronésia e do restante território nacional. Até admito que se possa pensar em criar uma nova Universidade pública, tenha ela a denominação de Universidade do Atlântico ou outra qualquer porquanto poderia contribuir para alargar a oferta formativa e científica que já é garantida pelas Universidades dos Açores e da Madeira. Desde que não subjuguem uma região relativamente à outra. E que mantenham, sempre, a Universidade da Madeira enquanto motor do desenvolvimento Educativo e Científicos, de excelência, da nossa terra.
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