Vai por aí, sobretudo nas redes sociais, uma espécie de "sururu" em torno de uma sondagem publicada na edição do DIÁRIO de Notícias da Madeira desta sexta-feira.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que as sondagens são indicadores importantes que - com margens de erro, geralmente, na ordem dos 4% a 5% (o que pode baralhar completamente as previsões relativamente às forças políticas com expressão eleitoral inferior aos dois dígitos percentuais) - nunca devem ser desprezados, enquanto importantes indicadores de trabalho que permitem às várias forças ir 'acertando agulhas' e reorientando a sua acção no terreno, junto dos eleitores. Posto isto, é preciso dizer que esta sondagem só pode surpreender quem anda esquecido. Este estudo de opinião é, na sua globalidade, relativamente semelhante a um outro, publicado em 2017, também no DIÁRIO, elaborado pela mesma empresa de sondagens.
Com efeito, a maior diferença entre a sondagem publicada ontem e a de há dois anos é a descida do PSD em cerca de 7%, mantendo-se a tendência, já iniciada nessa altura, de reforço do PS e BE, com a ressalva de, na sondagem desta sexta-feira, o Bloco ter sido ultrapassado pelo CDS, apesar de manter a recuperação iniciada com as eleições regionais de 2015. Significativo é o facto do BE, apesar de ter passado de 3ª a 4ª força política regional, nas intenções de votos, manter a possibilidade do reforço do número de mandatos que a sondagem de 2017 já indicava. Um facto que, apesar de não ser novo, é realmente uma boa notícia para quem luta por uma alternativa de políticas, à governação do PSD, há mais de 40 anos. Em relação às restantes forças políticas, os dados de ambas as sondagens mantêm-se, no essencial. Ora, extrair daqui ilações de que (só agora!) existirão uns heróis para quem parece que o céu é o limite, e que, antes deles, era o caos, é próprio de quem só consegue vislumbrar miragens. Como é pouco compreensível ignorar que os resultados das várias forças partidárias, nos estudos de opinião, dependem de vários factores: do trabalho das direcções regionais, do trabalho das direcções e estruturas nacionais, dos grupos parlamentares que atualmente estão em funções, dos autarcas eleitos, e em funções, bem como de uma história de décadas de trabalho, que alguns revisionistas pretendem apagar. Se é certo que "pretensão e água benta, cada um toma a que quer" convém não 'embandeirar em arco'. Fico muito feliz que o meu partido (com o contributo de aderentes, dirigentes, deputados, autarcas e demais ativistas - regionais e nacionais) pareça estar a manter o reforço que iniciamos em 2015, e que na sondagem de Junho de 2017 já era visível. Mas que ninguém se iluda com os bons resultados dos estudos de opinião: uma sondagem anterior às eleições regionais de 2011, também da Eurosondagem, dizia que o BE poderia eleger, nesse ato eleitoral, até 2 deputados e ficamos com... zero.
Por isso, muita humildade e trabalho. Para que, depois de 22 de Setembro seja possível participar na construção da alternativa política de governação que é preciso apresentar aos madeirenses. Orgulho-me de, já nas autárquicas de 2013 e depois, nas Regionais de 2015, com outros camaradas, ter iniciado um difícil caminho que, a ser mantido e potenciado, possa levar a essa construção. Cabe agora, a quem está ao leme da nossa área política, garantir que levamos essa tarefa a bom porto, assegurando a consolidação da trajetória ascendente que encetamos nessa altura. É possível. E a Madeira precisa!
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