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Foto do escritorRoberto Almada

Tributo à Conceição Pereira


(Foto: Sindicato dos Professores da Madeira - SPM)

A Conceição está numa situação difícil. Ainda há cerca de dois meses, nas páginas do DIÁRIO, escrevia um dos seus textos com uma lucidez impressionante. Agora está doente e numa situação muito frágil. Não quis deixar de, nesta altura, escrever umas breves linhas sobre a Camarada fiel, a Lutadora incansável e a Feminista Solidária. A Conceição é daquelas Pessoas que, pela sua inteligência admirável, pelo seu percurso de vida e pela sua resiliência face às agruras da nossa existência é um exemplo de que me orgulho de seguir. Como escreveu Nelson Veríssimo, no Prefácio do Livro da Conceição “Caminhando Pela Vida”, esta é uma “mulher animada pelos princípios democráticos da igualdade e da justiça social, fruto das suas vivências e de uma sedenta e constante vontade em aprender mais”. Nascida em 1936 no Seixal, Freguesia que ela tanto ama, a Conceição foi uma Lutadora contra o fascismo e, foi mesmo na ditadura que, colocando em risco a própria vida, iniciou a sua atividade política de luta contra as injustiças e a opressão. A este propósito, talvez valha a pena transcrever algumas palavras da própria Conceição, ditas numa Entrevista dada recentemente (pode ser consultada e lida, na íntegra, emhttps://www.esquerda.net/artigo/mulheres-de-abril-testemunho-de-conceicao-pereira/60514). Dizia ela: “o meu batismo político foi em 1969. Um número elevado de cidadãos e cidadãs assinaram e entregaram uma carta ao Governador Civil, colocando aí as suas preocupações sociais e políticas. (...) Em Setembro do mesmo ano foram apresentadas as candidaturas às eleições. Uma lista do poder, da União Nacional e outra da oposição. Eu e a minha amiga Fernanda Pereira participámos em debates políticos durante uma semana. Todos os dias à noite reuniamo-nos na Fotografia Vicentes, propriedade do pai do Vicente Jorge Silva, e aí discutimos o programa e as pessoas que concorreram como candidatos a deputados pela Madeira”. Mulher de Abril, rejubilou e encheu-se de contentamento com a Revolução que trouxe a Liberdade tanto ansiada. Fez parte da direção do Sindicato dos Escritórios, foi fundadora do Sindicato dos Professores da Madeira, do qual se mantém associada, bem como da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta. Foi dirigente e militante da UDP (União Democrática Popular), da qual foi Deputada à Assembleia Legislativa da Madeira entre 1992 e 1996. Em 1999, foi co-fundadora do Bloco de Esquerda tendo sido a primeira pessoa, na Madeira, a dar a cara por este projeto enquanto primeira candidata na Lista do BE pela Região à Assembleia da República e integrando a lista nacional ao Parlamento Europeu, nesse mesmo ano. Em 2001 foi a mandatária regional da Candidatura presidencial de Fernando Rosas tendo sido candidata em diversos atos eleitorais, o último dos quais, em 2013, À Câmara de São Vicente, com a bonita idade de 77 anos. Embora não se considere escritora – ela própria o afirmou numa homenagem promovida pelo Sindicato do Professores, há 4 meses – é autora de vários livros de prosa e poesia onde conta histórias de vida, da sua e dos outros, e onde é bem visível a luta pela emancipação das mulheres sofridas e o trajeto político que, desde sempre abraçou. Uma trajetória que dispensa grandes comentários adicionais. Apenas este: Obrigado Conceição por tudo o que nos deste e continuas a dar. Pela verticalidade, pela camaradagem, pela Amizade, pela Solidariedade e, sobretudo, pela Luta. Aguenta-te para que, em breve, possamos, de novo, abraçar-nos!


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